Flávia Monteiro já não interpreta a Tia Carolina, de "Chiquititas", há 12 anos, e já fez oito novelas após o fim da trama, mas admite que até hoje não conseguiu desassociar sua imagem à da personagem. Atualmente em cartaz no Rio com a comédia "Mulheres Alteradas" e há anos lutando para tirar do papel um documentário sobre a bailarina Ana Botafogo - que deve ser lançado até ano que vem -, ela recebeu o EGO para um bate papo no bar carioca do qual é sócia há quatro anos, o Botequim Marquês da Gávea. Aos 40, a atriz não podia estar mais feliz com seu casamento de quatro anos com o empresário Avner Saragossy e planeja o primeiro filho.
"'Chiquititas' marcou época, né? As crianças crescem, mas ainda se lembram. A gente fica rotulada mesmo... Tentei quebrar um pouco isso uma época fazendo "Playboy" para mostrar que não era a tia meiga. E consegui em parte. Mas não tem jeito e eu sou tranquila com isso atualmente. É bom marcar, eternizar um personagem na memória das pessoas. É como tatuagem, que nunca sai. Sou a eterna tia Carolina", diverte-se.
Quando surgiu a ideia de se tornar empresária e abrir esse bar?
Ele não é só meu. Sou sócia com o meu marido, que é quem fica aqui e comanda o bar mesmo, e mais dois amigos. O que faço mais é a o papel de relações públicas, divulgando e convidando amigos para virem. E dou aquele olhar feminino. Vejo se está tudo bonitinho, se tem algo fora do lugar... Faço o papel da chata(risos). Em novembro fez três anos que abrimos e deu supercerto, graças a Deus. Eu e o Avner gostamos da noite, de conversar com as pessoas. O bar foi uma ideia muito bacana porque se tornou um ponto de encontro dos nossos amigos e um lugar onde conhecemos várias pessoas que, hoje em dia, fazem parte do nosso círculo de amizade. E é legal ter uma coisa paralela, para sair um pouco desse universo artístico em que eu sempre trabalhei. Está sendo uma experiência muito interessante e estou arrecadando muitas histórias.Tem cada coisa que já aconteceu aqui...
Que tipo de história você já passou? Alguma mais engraçada?
Com certeza! Uma vez, por exemplo, tivemos que sair perseguindo um cara que saiu sem pagar a conta. Estávamos de carro, chegando no bar, e vimos um dos garçons correndo. Aí fomos atrás. O cara estava tão mal que furou uma blitz da Lei Seca e a polícia começou a seguir ele também. Foi coisa de filme! Deu um banzai louco. No fim, conseguiram pará-lo e ele acabou perdendo o carro e pagando multa. O mais inacreditável é que, quando voltamos, ele estava aqui de novo, bebendo no balcão. Disse: "Já que perdi tudo vou voltar a beber, ué!". Ele estava muito louco.
A atriz adora beber um chopinho ao lado do maridão,
no bar dos dois (Foto: Isac Luz / EGO)
E como é o assédio? Tem gente que vem aqui te procurando?
Tem gente que vinha aqui só para me ver, mas como eu andei não vindo porque estava em turnê com a peça, isso acabou diminuindo. De qualquer forma, quando venho aqui bato papo com todo mundo que passa, tiro fotos... As férias são a época em que tem mais assédio, porque vem muita gente de fora. E aí sempre volta o tema 'Chiquititas', né? Já faz parte do meu 'metier' (risos).
As pessoas ainda lembram tanto assim da novela?
Marcou época, né? Não tem jeito. As crianças cresceram, mas ainda se lembram. A gente fica rotulada mesmo. É como tatuagem, que nunca sai. É bom marcar, eternizar um personagem na memória das pessoas. Fui importante em uma fase em que as crianças estavam quase sem infância, carentes de um programa específico para elas. "Chiquititas" resgatou e falou de valores importantes em uma época em que só se falava de É o Tchan e 'Boquinha da Garrafa'. Foi muito bom participar disso e esse carinho é muito gostoso. Sou a eterna Tia Carolina.
Em algum momento esse rótulo te incomodou?
Tentei me afastar um pouco do personagem uma época e por isso, em 2005, resolvi aceitar o convite para posar na "Playboy". Foi a forma que encontrei de tentar quebrar esse estigma da Tia Carolina. Foi bom para mim e funcionou em parte. Foi quando fui chamada para fazer "Vidas Opostas", que foi um sucesso, e me permitiu viver a minha primeira vilã. Foi a primeira vez que as pessoas me viam na rua e me chamavam de Maria Lúcia ao invés de Tia Carolina. Para mim foi uma conquista.
Você está com 40 anos agora. Como lida com a idade?
Passei tranquila pelos 40, sem peso. Os 30 foram muito mais difíceis para mim. Mas, de qualquer forma, sempre lidei bem com a idade e não me sinto com isso tudo. Me sinto com 25! Tenho essa defasagem na minha cabeça. Sou mignon e minha cara não muda muito. Não tenho essa vaidade ou essa preocupação que as pessoas têm de mentir a idade, fazer 38 eternamente (risos). Acho que os 40 anos é o auge da mulher. Ela já está plena, inteira e já passou por várias experiências. Só faz o que quer. Eu, por exemplo, sei que agora quero ter um filho, formar uma família mesmo. Apesar de já ter um enteado de 15 anos.
Flávia: feliz no amor e na carreira (Foto: Isac Luz / EGO)
E já está encomendando?
Já liberei, parei com a pílula. Ainda não parti para os tratamentos, estou tentando deixar acontecer de forma natural, sem pressa. Vamos ver se a idade não vai atrapalhar... Engravidei há dois anos e perdi. Se eu pudesse até esperaria mais um pouco para engravidar, mas estou no meu deadline, né? O ideal para mim seria ter dois filhos, mas não sei se vou ter tempo nem estomâgo para isso. Um eu vou ter, com certeza. Quero viver essa coisa de ser mãe. Acho que depois que a gente envelhece faz falta, fica uma lacuna. Mulher é bicho para parir, não tem jeito. E filho tira um pouco o foco da gente, paramos de pensar só no nosso umbigo. É importante para o nosso crescimento.
E casamento? Pensa em oficializar sua união com o Avner?
Acho que vai rolar um casório aí sim. Vamos ver... Se não for esse ano, deve acontecer ano que vem. Achei a metade da minha laranja. A gente é muito parecido. Somos a mesma pessoa, ele de calça e eu de saia. Minha sensação é de que já estou com ele há 30 anos, tamanha nossa intimidade. Conheci ele e nunca mais desgrudei. Foi que nem 'Super Bonder'. Temos a mesma energia, as mesmas vontades. Ele é parceiro e não pega no pé. Eu também sou muito cuca fresca e não fico perguntando onde ele está, se está chegando do bar... Às vezes ele chega 3h30 em casa e eu já estou dormindo. Temos uma relação de muita confiança e fidelidade. É de outras vidas. Ele é o meu 'karminha' camarada.
Você já está há um tempo trabalhando em um documentário sobre a Ana Botafogo. Em que pé está esse projeto?
Já estou batalhando desde 2008, quando me formei em cinema. Quem deu a ideia do projeto foi o meu agente, porque a Ana não tinha nenhum registro sobre a carreira, e eu quis fazer na hora. Mas é muita burocracia e eu fiquei lutando com isso muito tempo. Agora já fechei com a produtora e estamos fazendo o barco andar. Vou focar bastante nisso esse ano e já tenho muito material filmado. Minha ideia é lançar o documentário até o fim do ano que vem, no máximo. A Ana é a grande bailarina do Theatro Municipal e foi quem ajudou a popularizar o balé. É uma mulher que tem uma história de vida e de carreira absurda. Parece fraca, mas é um touro. O filme vai mostrar a Ana por trás da coxia. Mostrá-la com os pés no chão.
E sua peça, "Mulheres Alteradas"? Como está sendo o processo no palco?
A peça fica no teatro dos Grandes Atores, no Rio, até o final de maio. E é hilária. Eu nunca tinha feito comédia e estou aprendendo muito. Está sendo ótimo. Me identifico muito com o texto, assim como acredito que aconteça com todos que assistem. Sou a própria mulher alterada (risos)! Fazer a peça é muito divertido. Às vezes tenho um dia estressante, mas chego lá e esqueço tudo. É impressionante. O palco, ainda mais a comédia, tem essa magia de transformar nossa energia. A gente deixa tudo lá dentro. É muito gostoso poder levar alegria para a galera. É o momento em que vou para o meu playground.
Fonte: Ego
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